Yitrô
 
A chegada de Yitrô, sogro de Moshê Preparativos para o recebimento da Torá
Yitrô aconselha a designação de juizes O que aconteceu no dia da Outorga da Torá
A Torá e o deserto do Sinai Os Dez Mandamentos
A Torá é oferecida às nações do mundo O Quinto Mandamento: Honrar Pai e Mãe
A mensagem de D'us: o povo judeu é escolhido como o Povo Eleito Mais mitsvot dadas aos judeus após os Dez Mandamentos
   
 
 
Imprima o Midrash completo
 

Os Dez Mandamentos

Assim que D'us pronunciou "Anochi", a Criação silenciou. Os pássaros não gorjeavam ou voavam nos céus; os bois não mugiam; os anjos não cantavam louvores; o oceano não se agitava. O universo inteiro estava quieto, enquanto a voz de D'us soava. Isto serviu como irrefutável demonstração de que não existe nenhum poder além Dele.

Cada um dos Dez Mandamentos foi dirigido aos judeus na linguagem singular e não no plural. Assim, nenhum judeu poderia desculpar-se, dizendo: "É suficiente que os outros cumpram a Torá." Cada judeu deve sentir que é sua obrigação pessoal guardar a Torá de D'us, uma vez que lhe foi diretamente dirigida.

Os Dez Mandamentos contém um total de 620 letras, simbolizando assim que os Dez Mandamentos são a essência da Torá. Pois esta contém 613 mitsvot, e os Sábios instituíram sete mitsvot adicionais, perfazendo um total de 620 mitsvot.

Além de escutarem os Dez Mandamentos básicos, os judeus também previram as miríades de detalhes envolvidos, todos os Midrashim referentes a cada Mandamento, cada lei e detalhes neles contidos.

"Anochi"

Os Dez Mandamentos que D'us transmitiu aos judeus começam com a palavra "Anochí" - "Eu sou". '' A palavra "Anochí", que lembra a palavra egípcia "Anochí", também significa "eu". D'us dirigiu-se a Seus filhos na língua egípcia, que lhes era familiar. Ao que isto pode ser comparado? A um rei cujo filho foi sequestrado quando pequeno e cresceu entre suas captores.

Quando o rei finalmente consegue recuperar o filho, primeiro se dirige a ele na língua à qual estava acostumado, com a qual crescera e entendia.

D'us também falou primeiro a Seus filhos, os judeus, em egípcio, dizendo: "Vocês contemplam hoje a Minha glória; portanto, nunca mais serão capazes de adorar ídolos estranhos. Não é possível a um homem ver seu D'us face a face, em toda Sua glória e poder, e depois inclinar-se diante de uma figura feita pelo homem. Vocês testemunharam todos os milagres grandiosos que operei para vocês no Êxodo do Egito e na divisão do mar. Vocês mesmos o atravessaram por terra seca, enquanto os egípcios se afogaram no mesmo lugar. Não sou como os reis humanos, cujos súditos retiram de seu caminho todos os obstáculos e estendem tapetes grossos à sua frente. Não sou como reis humanos, cujos súditos iluminam o caminho e enfeitam a casa para honrar sua chegada.

"Sou o Rei dos Reis, Que faz tudo isto para vocês, Meus próprios filhos. Na Criação, formei o mundo e iluminei, criando o sol, a lua e as estrelas. Cobri a superfície da terra com um tapete de grama e com alimentos em abundância. Enchi a terra de hortaliças e flores belas e fragrantes, tudo em sua honra. Tenham isto sempre em mente e saibam que não há ninguém como Eu entre todos os reis do mundo. A Minha bondade não cessará jamais."

O primeiro Mandamento: Acreditar na existência de D'us, e em Sua Providência

"Eu Sou D'us, teu D'us, Que vos tirou da terra do Egito, da casa de Faraó, onde fostes escravos."

"Eu Sou tanto 'D'us', um D'us misericordioso para os que Me obedecem; como também 'Elokecha', um D'us punitivo para os que se recusam a Me ouvir."

A obrigação imposta pelo Primeiro Mandamento é de acreditar na existência de um Criador Onipotente; saber que Ele exerce Providência contínua sobre o universo, que Ele é a Força que dita todas as leis naturais. Ele sustenta e provê para todas as criaturas, da mais diminuta à maior.

Esta mitsvá não se limita a algum momento ou tempo específico (como a maioria das mitsvot); outrossim, a consciência da existência e poder de D'us deve constantemente preocupar o judeu.

D'us fez com que esse fosse o primeiro de todos os mandamentos porque devemos reconhecer a D'us para poder observar Seus mandamentos.

Por que D'us escolheu descrever a Si Mesmo como o "D'us que tirou os filhos de Israel do Egito"?

Bandidos surpreenderam uma nobre senhora em seu passeio, e estavam prestes a raptá-la. O rei soube do ocorrido e interveio. Se não tivesse enviado suas tropas imediatamente para resgatá-la, o pior poderia ter acontecido. Quando, mais tarde, propôs-lhe casamento, ela perguntou-lhe: "Que presente você me oferece?"

O rei respondeu: "O próprio fato de que te salvei dos raptores não é suficiente para que teu coração penda em minha direção?"

Similarmente, D'us apresentou-se ao povo no Monte Sinai como o D'us que os redimiu, recordando-lhes assim sua obrigação especial para com Ele. (Ele não utilizou a descrição "D'us, Mestre do Universo," pois o termo geral, em si mesmo, não obrigaria os judeus a guardar a Torá.)

O Segundo Mandamento: Não adorar ídolos

"Não terás outros deuses!"

Muitas pessoas acreditam que D'us é o D'us mais poderoso, o que significa que crêem também em outros poderes fora de D'us. Alguns também rezam aos anjos. Outros veneram pessoas que consideram santas, ou o sol e a lua, ou os planetas.

Quando os Sábios estiveram em Roma, filósofos gentios perguntaram-lhes: "Se D'us não quer ídolos, por que Ele não os elimina?"

"Se os idólatras adorassem apenas objetos inúteis, seu ponto seria válido," responderam os Sábios. "Contudo, também adoram o sol, a lua, as estrelas. Acaso deveria Ele dizimar o universo por causa dos tolos?"

D'us ordenou: "Não podeis servir a ninguém, exceto a Mim!"

Este Mandamento implica que é proibido acreditar em qualquer poder além de D'us, adorar ídolos ou inclinar-se para eles. Nossos Sábios proibiram inclinar-se perante ídolos, mesmo sem ter intenção de adorá-los. Tampouco é permitido possuir um ídolo, mesmo sem adorá-lo. Este Mandamento inclui a proibição de fazer estátuas de um ser humano ou qualquer criatura ou objeto do universo.

O termo "outros deuses" não implica, D'us não o permita, que há outros deuses além de D'us. A Torá se refere a ídolos como "deuses", pois este termo é utilizado pelos idólatras (apesar de, na realidade, serem imagens impotentes).

A palavra "outros" não se refere à comparação entre D'us e os ídolos, mas aos ídolos entre si. Uma vez que os idólatras mudam constantemente suas divindades, rejeitando as velhas e voltando-se a outras em seu lugar, o termo "outros" deuses significa deuses que são constantemente trocados por outros por seus adoradores.

O Terceiro Mandamento: Não pronunciar o Nome de D'us em vão

É proibido utilizar de maneira incorreta o Nome de D'us, mencionando-O junto com um juramento desnecessário ou falso.

Eis um exemplo de falso juramento. Alguém que comeu pão ontem jura: "Juro em Nome de D'us que não comi pão ontem."

Um exemplo de juramento desnecessário é: "Juro em Nome de D'us que o sol está agora no céu." Embora este juramento seja verdadeiro, é proibido, se não há razão para fazê-lo.

Também não devemos invocar o Nome de D'us sem um propósito determinado. Algumas pessoas estão acostumadas a exclamar; "Meu D'us!", ou a empregar o nome de D'us em um contexto igualmente irreflexivo. Devemos evitar isto.

D'us disse: "Não utilize erroneamente Meu Santo Nome. Lembre-se de que Avraham apelou a este mesmo Nome e foi salvo da fornalha ardente. Moshê clamou por ele, e o Mar Vermelho abriu-se em doze partes; Yehoshua clamou por ele, e foi ajudado; Yoná chamou por Ele no interior do peixe e foi salvo. O Nome de D'us é invocado pelos doentes e enfermos, e são curados; pelos de coração contrito, e são consolados. Guardem-se de serem descuidados ao mencionar o Nome de D'us, pois aquele que pronuncia Seu Nome em vão não ficará impune!"

O Quarto Mandamento: Observar o Shabat

Este Mandamento inclui a proibição de realizar trabalhos proibidos no Shabat.

Além disso, devemos distinguir o Shabat, fazendo uma bênção quando o Shabat se inicia, e quando termina. Cumprimos isto recitando o kidush e a havdalá. Shabat deve ser marcado com alimentos saborosos especiais, e vestindo-se trajes especiais.

Mesmo ao longo de toda a semana, a pessoa deve preparar-se para o Shabat, arrumando a casa, limpando-a cuidadosamente, comprando iguarias e coisas semelhantes em honra do Shabat, pois este é o dia que Ele escolheu, santificou e considerou a "jóia de todos os dias".

Uma pessoa é reembolsada por todas as despesas que faz em honra ao Shabat. Apesar da renda de cada um ser determinada em Rosh Hashaná para o ano todo, as quantias gastas em honra ao Shabat, Yom Tov, Rosh Chôdesh, e para a educação e estudo de Torá dos seus filhos não estão incluídas neste orçamento fixo. Se a pessoa gasta mais, D'us lhe retribuirá com mais; se economiza, D'us lhe retribuirá menos, de acordo com os gastos.

O dia de Shabat deve ser um momento para atividades espirituais, Torá e orações. Uma pessoa não deve pensar a respeito de seu trabalho inacabado da semana, mas afastar a mente de ocupações mundanas.

Quem quer que descanse no sétimo dia testemunha que D'us criou o mundo em seis dias.

Como cumprimos a mitsvá de recordar o Shabat?

Há várias maneiras: Uma é chamar os dias da semana assim: "o primeiro dia da semana até Shabat" (domingo) - "o segundo dia da semana até Shabat" (segunda) - "o terceiro dia da semana até Shabat" (terça), e assim sucessivamente. Esta é a maneira judaica de nomear os dias da semana (e a que utilizamos para introduzir o cântico 'shir shel yom' na prece diária de Shacharit). Ao designar o domingo "o primeiro dia até o Shabat", cumprimos a mitsvá de recordar e mencionar o Shabat, lembrando ao mesmo tempo que D'us é o Criador que fez o mundo em seis dias.

Quando D'us deu a Torá a Seu povo, prometeu-lhe uma porção no Mundo Vindouro se ele observasse o que está contido nela. Os judeus pediram uma amostra, para ver que tipo de recompensa D'us lhes daria em troca da observância da Torá e de suas mitsvot. D'us lhes disse: "Eu lhes darei o Shabat, um fragmento do Mundo Vindouro, que é todo Shabat."

A cada judeu é dada uma alma adicional no Shabat, para que ele possa apreciá-lo mais do que aos outros dias e guardá-lo em santidade.

Um relato: Como o Sábio Shamai honrava o Shabat toda a semana.

O Sábio Shamai passava diante de um matadouro e viu um novilho lindo e gordo, pronto para ser sacrificado. Falou ao magarefe: "Quero comprar este animal. Mata-o para mim e dá-me a carne!"

Levou a carne para casa e deu-a à mulher com as palavras: "Salga esta carne para fazê-la casher. Estou certo de que será deliciosa e quero reservá-la para Shabat."

No dia seguinte voltou a passar diante do matadouro. Viu ali alguns novilhos prontos para o abate. Escolheu dentre os animais um de aspecto mais apetitoso do que o que havia visto no dia anterior. "Este novilho será delicioso para o Shabat", pensou. Disse, pois, ao magarefe: "Quero comprar este novilho. Prepara-me a carne para quando eu passar aqui na volta."

Levou a carne para casa e disse à mulher: "Imagine, encontrei carne ainda melhor para o Shabat! Salga-a para fazê-la casher e reserva-a para o Shabat."

A mulher pensou: "Que vou fazer com a carne de ontem? Vou cozinhá-la para o jantar de hoje." Assim, Shamai desfrutou de uma ceia excelente.

Outro dia, Shamai passou diante do açougue e viu um novilho de aspecto tenro, cuja carne seria sem dúvida mais delicada e suculenta que o anterior. "Preciso deste novilho para Shabat", disse ao açougueiro. "Vende-a para mim." Ao chegar em casa disse à mulher: "Trouxe outra carne. Vamos comer a que trouxe antes e guardemos a melhor para Shabat."

Assim, pois, Shamai terminou por comer ceias deliciosas toda a semana, por ter o Shabat sempre presente! Os Sábios diziam sobre ele: "Shamai come bem toda a semana em honra do Shabat."

Este relato nos mostra que se compramos comidas especiais, devemos reservá-las para o Shabat. Assim, recordamos durante a semana que Shabat é o dia mais santo.

 
top