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O
Maharal revela a localização do esconderijo de D’us
- dentro de cada alma judia, pois a alma é realmente um aspecto
de D’us oculto dentro do homem e esta alma humana fundamental chora
sem parar pela Destruição do Templo. A pessoa comum não
está em contato com sua alma interior, portanto não percebe
o pranto; só está consciente de sua fachada exterior, o
mundo externo do corpo, onde tudo parece estar bem e melhorando - com
força e júbilo abundantes.
O mestre chassídico, Rabi Bunim de Peshis'chá, exemplificou
este conceito com uma parábola de um rei que acumulou enormes tesouros
e os escondeu numa sala secreta, nos subterrâneos do palácio.
Um dia, um incêndio destruiu todo o palácio. A nação
e a corte choraram a perda do belo castelo, mas o pranto do rei era mais
amargo, pois só ele sabia a verdadeira extensão da perda.
Só ele sabia sobre o enorme tesouro oculto que virou fumaça.
Do mesmo modo, uma pessoa que não tem contato com sua alma interior
mal avalia a perda espiritual sofrida com a destruição do
Templo.
Platão e o Profeta Yirmiyáhu
Rabino Elya Lopian exemplifica este fato com o seguinte incidente, descrito
por Rabino Moshê Isserles, o Ramá, em Torat Ha'Olá
Quando o rei Nevuchadnêtsar
destruiu o Primeiro Templo Sagrado, estava acompanhado do filósofo
grego Platão. Depois da destruição, Platão
encontrou-se com o profeta Yirmiyáhu, que chorava e se lamuriava
amargamente sobre as ruínas do Templo. Platão fez-lhe duas
perguntas:
Do
mesmo modo, uma pessoa que não tem contato com sua alma
interior mal avalia a perda espiritual sofrida com a destruição
do Templo.
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"Você
é o sábio mais importante de Israel; cabe a um homem de
sua estatura intelectual chorar sobre um prédio, que nada mais
é do que uma pilha de paus e pedras?
"Esta construção já está em ruínas;
para que servem lágrimas agora? Por que chorar pelo passado?"
Yirmiyáhu respondeu:
"Platão, como um filósofo mundialmente conhecido, certamente
você tem questões que o deixam perplexo."
O grego recitou sua longa lista de complicados enigmas. De forma humilde,
Yirmiyáhu resolveu todos eles, em breves frases. Platão
ficou estupefato. "Não acredito que qualquer mortal possa
ser tão sábio."
Yirmiyáhu apontou tristemente para as ruínas do Templo e
disse: "Toda esta profunda sabedoria que possuo provém destes
'paus e pedras' e por isso choro. Quanto à sua segunda pergunta,
de chorar sobre o passado, não posso responder, pois você
não será capaz de compreender a resposta."
Rabino Elya Lopian explicou a resposta de Yirmiyáhu em nome de
Rabino Simchá Zissel de Kelm:
"Nossas lágrimas não são pelo passado; pelo
contrário, choramos pelo futuro, pois mesmo que todos os portões
dos Céus estivessem lacrados na época da destruição,
os portões de lágrimas sempre permanecem abertos. Cada lágrima
derramada é coletada nos Céus e contribui para a reconstrução
do próximo Templo. Este conceito, tão simples para qualquer
judeu entender, está além da compreensão para o racional
e célebre Platão."
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