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Três
semanas de tristeza e luto
Há um período de luto e grande tristeza recordado pelos
judeus no mundo inteiro que compreendem três semanas. Este ano estas
datas caem entre os dias 20 de julho, iniciando com o jejum de 17 de Tamuz,
que marca a destruição das muralhas de Jerusalém,
até o dia 9 de Menachêm Av, 10 de agosto, data da destruição
do Primeiro e Segundo Templo Sagrado de Jerusalém.
O período das três semanas que se inicia nesta quinta-feira,
e termina em 9 de Av, Tishá Beav, é uma época de
tristeza, voltada à introspecção. Muitos dos mais
trágicos acontecimentos que acometeram o povo judeu ocorreram nestes
dias. Lamentamos estas tragédias procurando analisar nossos erros
e promovendo um balanço de nosso desenvolvimento espiritual. Empenhamo-nos
em corrigir os desacertos do passado e trabalhar com vistas à Redenção.
Em 17 de Tamuz de 68 da E.C., as muralhas de Jerusalém foram rompidas
pelas legiões romanas invasoras. Três semanas mais tarde,
em 9 de Av, o Bet Hamicdash, Templo Sagrado, foi destruído. Foi
o final de uma era de ouro e o início de um período de exílio
e sofrimento que tem perdurado por séculos, até os dias
de hoje. Estas duas datas são, portanto, observadas através
de jejum e orações.
Luto em alegria
Nesta era de materialismo insensível e declínio espiritual
é difícil concebermos o que representa o Templo Sagrado.
Nossa tradição explica que o local do Templo é um
portal através do qual todas as bênçãos Divinas
provêm e as preces ascendem. Os serviços e sacrifícios
realizados no Templo não eram meros rituais; na realidade tinham
como fim refinar e elevar as características humanas, criando harmonia
e paz entre toda a humanidade. A Presença Divina, que permeava
o Templo, podia ser vista e sentida.
Segundo nossos sábios, o Templo foi destruído devido ao
ódio infundado entre nosso povo. Inveja, egoísmo e espírito
litigioso se constituíram nas sementes da destruição.
Por conseguinte, é preciso tentar reverter este trágico
declínio praticando o amor incondicional, desinteressado. Devemos
cultivar o espírito de doar, compartilhar, perdoar e entender o
próximo.
Diz o profeta Yesha’yáhu: "Tsiyon será redimida
por meio de mishpat, [justiça ou lei], e seus exilados, pela tsedacá
[justiça, caridade]." Estas três semanas são
propícias para aumentar o estudo da Torá, particularmente
aquelas passagens que falam do Templo Sagrado, e acrescentar em doações
para caridade.
Pelo mérito de nossas ações avançaremos ainda
mais para a era em que nossas preces pela Redenção Final
e completa serão atendidas, quando todos presenciarão a
reconstrução do Templo Sagrado – uma época
em que serão introduzidas a paz e o bem-estar universais.
O povo judeu nunca deixou de ansiar com confiança pelo dia em que
retornaria à Jerusalém. Só então, como Maimônides
descreve em sua obra Mishnê Torá, estes dias de tristeza
e luto serão transformados em dias de alegria, com a chegada de
Mashiach. Que assim seja, rapidamente em nossos dias.
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