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No decorrer da história,
a comunidade judaica tem se dividido em linhas filosóficas, mas
sua coesão social jamais foi comprometida. Infelizmente, a ignorância
sobre as leis do divórcio judaico está criando uma lacuna,
que resultará em grandes setores da comunidade ficando incapazes
ou relutantes para se casar entre si.
A Lei Judaica tradicional (Halachá) exige que um casal obtenha
um divórcio judaico (guet) para pôr fim ao casamento judaico.
Esta posição é compartilhada pelos Rabinatos Ortodoxo
e Conservador, sendo a política oficial do Estado de Israel. Sem
o guet, os filhos de qualquer união subseqüente da mulher
podem ser considerados ilegítimos, e somente poderão se
casar com judeus de status semelhante. Esse filho, assim, fica excluído
em grande parte dos segmentos
da comunidade, e não podem casar-se no Estado de Israel. Este estigma
permanece para todas as gerações futuras.
Este problema, embora seja trágico em nível individual,
torna-se catastrófico quando se torna comunitário. Uma das
diversas estatísticas nos Estados Unidos estima a incidência
do divórcio entre parceiros judeus por volta de vinte a trinta
mil anualmente. Segundo a Pesquisa sobre a população judaica
norte americana por amostragem, menos de 15% daqueles que se divorciam
civilmente obtiveram um guet. Muitas destas pessoas divorciadas tornam
a se casar e constituem família. Como resultado, milhares de filhos
potencialmente impedidos de se casar nascem a cada ano. A unidade judaica
é colocada em risco. As barreiras entre os segmentos da comunidade
judaica serão irreversivelmente transformadas de ideológicas
em sociais, a menos que algo seja feito. Se o problema é a falta
de conhecimento, então educar é a solução.
Por que eu deveria obter o guet?
Independentemente de quanto Judaísmo a pessoa pratica, ainda existem
algumas razões importantes para que a pessoa obtenha um divórcio
judaico:
Um divórcio civil não é suficiente
Se a pessoa somente possui o divórcio civil, aos olhos do Judaísmo
ambos, ex-marido e ex-esposa ainda são considerados casados. Esta
opinião é compartilhada pelos Rabinatos Conservativos e
ortodoxos, e é a política oficial do Estado de Israel.
Não limite com quem você ou seus filhos podem se
casar
Mesmo se a pessoa que divorciou-se somente pelo estado civil não
tenha planos de casar-se agora, por que limitaria suas opções?
Afinal, nunca se sabe o que o futuro lhe aguarda. E além disso,
talvez não perceba o impacto que isso poderá ter no futuro
de seus filhos. Ao nascer uma criança cuja mãe ainda está
tecnicamente casada com outra pessoa, este filho pode ser considerado
ilegítimo, e sofre limitações quanto a quem poderá
desposar no futuro. Esta é uma prática judaica que tem efeitos
de longo alcance. Seria trágico se determinada pessoa ou seu próprio
filho gostasse de alguém mas não pudesse casar-se simplesmente
porque foi negligenciado algo tão fácil de ser feito como
um guet.
Fechamento
Muitas pessoas sentem que além de todas as considerações
acima mencionadas, um guet lhes fornece um fechamento emocional para a
relação que não deu certo. Da mesma forma que o casamento
foi realizado através de uma cerimônia judaica, também
deve ser encerrado com uma. Pelas conseqüências é possível
entender por que torna-se mais importante ter a presença de um
rabino em um divórcio do que em um casamento.
É fácil e conveniente
O processo inteiro do divórcio judaico leva cerca de uma hora.
Se a pessoa prefere não ver seu ex-cônjuge, ou se os dois
estão em localidades diferentes, o guet pode ser completado por
procuração ou através de advogados. Embora o guet
geralmente ocorra no escritorio de um rabino, pode ser feito em qualquer
local que seja conveniente a ambas as partes.
O que é um guet?
O guet não tem relação ou efeito com qualquer aspecto
do acordo civil, e não sujeita qualquer uma das partes a perguntas
pessoais. Desde que haja consentimento mútuo, não há
necessidade de declarar os motivos para o divórcio. Embora de caráter
religioso, o processo não envolve preces, bênçãos
nem exige nenhuma confissão de fé. Para a maioria dos judeus,
um casamento tem início com uma cerimônia judaica unindo
duas pessoas. O guet finaliza, ou termina, aquela união. É
um processo legal, formal e claro que exige apenas o consentimento das
duas partes.
O processo
1 – Cada parte declara estar ciente do que está para acontecer
e que age livremente, sem coerção.
2 – O marido autoriza o escriba a escrever o documento.
3 – O documento de doze linhas é escrito pelo escriba e assinado
pelas testemunhas. A escrita e assinatura do documento geralmente leva
de 30 a 45 minutos, e não exige sessões adicionais.
4 – O documento assinado é apresentado à esposa pelo
marido ou pelo procurador, na presença de testemunhas. No minuto
em que ela o aceita, o divórcio passa a valer imediatamente e é
definitivo.
5 – O documento em si permanece nos arquivos do rabino oficiante.
É cortado pelo rabino, portanto jamais pode ser usado ou apresentado
novamente. O rabino em seguida emite um certificado de prova (p'tur) a
ambas as partes, atestando o fato de que um guet foi adequadamente escrito,
entregue e aceito, e que cada uma das partes está livre para casar-se
novamente.
O guet é extremamente fundamental para a felicidade individual de
cada uma das partes envolvidas, abrindo um caminho sem barreiras para
uma nova chance de união futura e legítima. Sem contar que
os filhos estarão protegidos de constrangimentos futuros, tendo
boa parte de sua felicidade assegurada por uma atitude responsável
por parte de seus pais. |