Todas as espécies são necessárias
   
 
 
 

"Todas as espécies são necessárias." Esta, basicamente, é a mensagem da mitsvá das "Quatro Espécies" - o etrog (cidra), lulav (ramo de palmeira), hadas (murta) e aravá (salgueiro) - sobre as quais recitamos uma bênção na Festa de Sucot. Nas palavras do Midrash:

O etrog tem tanto sabor quanto aroma: assim também, o povo de Israel inclui indivíduos que têm tanto o saber de Torá quanto boas ações... A tâmara (o fruto do lulav) possui sabor mas não aroma; assim, também, o povo de Israel inclui indivíduos que têm Torá mas não praticam boas ações... O hadas possui aroma mas não sabor; assim, também, o povo de Israel inclui indivíduos que têm boas ações mas não têm Torá... O aravá não tem sabor nem aroma; da mesma forma, o povo de Israel inclui indivíduos que não têm Torá nem boas ações... Disse D'us: "Deixe que eles se ajuntem todos em um único feixe e expiem uns pelos outros."

O Lubavitcher Rebe afirma que o Midrash não está apenas dizendo que "todos são parte do povo judeu" ou "todos são preciosos aos olhos de D'us" ou nem mesmo que "todos são necessários"; diz que "todos expiam uns pelos outros." Isso sugere que cada uma das Quatro Espécies possui algo que as outras três não têm, e dessa maneira "expia" e compensa pela falta daquela qualidade nas outras três.

Em outras palavras, não se trata apenas de todas as espécies serem necessárias para se fazer um povo - todas são necessárias também para fazer uma pessoa. E Sucot é uma época em que ligamo-nos uns aos outros para que todas as outras qualidades fiquem impregnadas em nós.

O etrog diz: "Sou perfeito. Contrabalanço o saber e o fazer num equilíbrio impecável. Na minha vida, o conhecimento e a ação não dominam ou desalojam um ao outro, mas sim preenchem e complementam um ao outro." Isso é algo que todos precisamos dizer, ao menos de vez em quando. Todos precisamos saber que possuímos o potencial para esta perfeição harmoniosa, e que cada um de nós tem aqueles momentos em nossa vida quando o conseguimos.

O lulav diz: "Sou profundamente devotado à busca da sabedoria, consciência e auto-conhecimento. Fazer também é importante, mas minha prioridade é conhecer D'us e (a partir daí) meu eu mais verdadeiro, mesmo que isso signifique afastar-me do envolvimento com o mundo." Isso é algo que todos precisamos dizer, pelo menos de vez em quando. Todos precisamos saber que há o potencial para este perfeito conhecimento em nós, e que cada um de nós tem estes momentos na vida em que o conseguimos.

O hadas diz: "Aquilo de que nosso mundo precisa é ação. O conhecimento de D'us e a auto-consciência são objetivos valiosos, mas tenho um trabalho a fazer. Preciso construir um mundo melhor - o esclarecimento pode ter de esperar." Isso é algo que todos precisamos dizer, pelo menos de vez em quando. Todos precisamos saber que nossa missão na vida é "tornar o mundo físico uma morada para D'us", e que há épocas em que a necessidade de ação tem precedência sobre tudo o mais.

O aravá diz: "Não tenho nada. Nada sou." Isso é algo que todos precisamos dizer, pelo menos de vez em quando.

   
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