O que um bocal de mangueira de jardim, um foguete, uma usina de energia hidráulica, um shofar têm em comum? Todos funcionam segundo o Princípio do Aperto.

De forma básica, o Princípio do Aperto funciona assim: pegue algo com potencial que atualmente não está fazendo muito, confine-o num espaço estreito, esprema-o através de uma passagem ainda mais estreita, e presto! Você pode mandar um borrifo de água limpa sobre seu gramado ou um míssil até a lua, iluminar uma pequena cidade paulista, ou transformar um bocado de ar em uma nota pungente.

Estamos atualmente numa parte do calendário judaico que o profeta chama de "Entre os Estreitos" (Ben Hametsarim). Em 17 de Tamuz, as muralhas de Jerusalém foram rompidas pelas legiões romanas que sitiavam a cidade; vinte e um dias depois, a 9 de Av, o Templo Sagrado foi incendiado. Estes dois eventos geraram vinte séculos de exílio - de perseguição física e alienação espiritual para nosso povo. Hoje, estas duas datas são como marcos da tragédia nacional, com toda a dor e a frustração de nosso exílio comprimidas nas "Três Semanas" que encerram.

O Lubavitcher Rebe sempre diria que não podemos, não devemos e não ousaremos explicar o exílio. D'us não precisa de nossa ajuda como "advogados de defesa" para justificar Seus caminhos; nós O ajudamos mais suplicando e clamando por um fim ao Seu e a nosso exílio, que é muito mais doloroso para Ele que para nós. Apesar disso, mesmo quando nos recusamos a aceitar a caricatura do exílio, ainda assim devemos explorar seus dividendos positivos.

A alma judaica, uma expansão divina da bondade e da luz, tem sido espremida pelos canais estreitos do exílio. Imagine o que apareceria no outro lado! Já então, este tormento cósmico tem espremido poços de talento e criatividade da alma judaica, e profundezas da fé e do comprometimento, que nos bons velhos dias estavam apenas implícitos em seu potencial.

Que possamos em breve merecer o grande toque do shofar de Mashiach, e o grande momento da alma irrompendo livre das restrições do exílio.