É apenas natural
  Por Yanki Tauber; baseado nos ensinamentos do Lubavitcher Rebe
 
 
 

Os eruditos gostam das generalizações - não poderiam fazer seu trabalho sem elas. O esforço mental para classificar tantos seres humanos quanto possível em vinte palavras ou menos tem produzidos algumas jóias como: "O mundo está dividido em dois grupos: aqueles que fazem o trabalho e aqueles que colhem os louros"; ou: "O mundo está dividido em dois grupos: aqueles que gostariam de ler a correspondência alheia e aqueles que não gostariam."

Então, aqui vai nossa generalização: o mundo consiste em pagãos e transcendentalistas. Os pagãos comem, bebem e dormem; os transcendentalistas trabalham para a paz mundial. Os pagãos acreditam que a maneira que estão as coisas é a maneira que as coisas deveriam estar; os transcendentalistas acreditam que fomos colocados nesta terra para mudarmos a maneira de ser das coisas. Os pagãos veneram a natureza; os transcendentalistas veneram a D'us.

Os egípcios eram pagãos, os hebreus eram transcendentalistas. Os hebreus foram escravos dos egípcios; então D'us interveio, humilhou os egípcios, libertou os judeus e deixou-os livres pelo mundo. Esta, em vinte palavras (mais ou menos), é a história do nascimento da nação judaica.

Lemos então sobre as dez pragas que caíram sobre os egípcios. São geralmente consideradas como punição pelo cruel tratamento que deram aos judeus. Mas uma leitura mais atenta da narrativa da Torá revela que serviram também a uma função mais básica: desacreditar os deuses do Egito, de modo a "devem saber que Eu sou D'us."

O Nilo - a fonte de sustento no Egito e a divindade mais reverenciada - transforma-se em sangue; o solo tornou-se contaminado, o céu enviou um dilúvio mortal de fogo e gelo, a luz do dia transformou-se em trevas. A natureza transforma-se de mãe protetora em bruxa malvada.

Tirar os judeus do Egito não seria conquista alguma se os judeus tivessem levado o Egito junto com eles quando se foram. Portanto, primeiro os judeus tiveram de testemunhar a destruição dos deuses do Egito: eles tinham que escutar seus amos renunciarem à ordem natural que haviam endeusado; tinham que presenciar a "bondade" da natureza exposta pela impostura que é.

Apenas quando o paganismo do Egito foi desenraizado de seus corações, os Filhos de Israel puderam prosseguir até o Monte Sinai para receber os mandamentos como "Uma luz dentre as nações." Apenas então puderam ensinar ao mundo que a natureza não é para ser adorada, mas aperfeiçoada; que o modo de ser das coisas deve ser suplantado pela maneira como as coisas deveriam ser.

     
   
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