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Em Yom Kipur pedimos
perdão por aquilo que fizemos; não por quem somos. Nossos
pecados e nossa Insensatez Auto-Imposta são as ações
que se interpõem entre D'us e nós. Existem certas coisas
sobre nossa personalidade que provocam comportamento auto-destrutivo.
O Talmud afirma que a única maneira de podermos fazer algo contrário
à vontade de D'us é porque estamos sob a influência
de um estado de “tolice” ou “insensatez”.
No decorrer do ano fizemos muitas coisas que fizeram a sujeira se acumular
na nossa preciosa alma. O desafio é comunicar isto ao viciado em
conflito: que a sujeira é adquirida e não aquilo que nos
define. Podemos estar sujos, mas não somos sujos!
Transmitir essa mensagem às pessoas com quem trabalho, pessoas
que sofrem com vícios, não é apenas um desafio –
mas é o maior desafio. Há tanta auto-depreciação
que eles acham impossível acreditar que D'us deseja um relacionamento
novo e íntimo. Os viciados geralmente são repletos de vergonha
e culpa. A culpa é saudável e necessária para que
ocorra o processo de recuperação. Vergonha é diferente.
Não é um arrependimento por algo que fizemos; é um
arrependimento de quem eu sou. “Eu não presto” vs.
“aquilo que fiz no passado é errado”. A diferença
é que nossas falhas de caráter não podem definir
quem somos intrinsecamente.
A essência de quem somos permanece inalterada; precisa ser espanada
para tirar o pó. E é isso que Yom Kipur faz. É o
polimento anual da alma. A alma, como o diamante, sempre continua sendo
preciosa.
Recuperar-se do vício inclui ser capaz de ver corretamente quem
somos. É o raciocínio distorcido que pode fazer a pessoa
continuar a usar. Um dos pensamentos perigosos é aquele de “eu
sou mau”. Esse raciocínio tem vida própria. É
a chamada de vergonha baseada na auto=percepção. “Eu
vejo a mim mesmo como vejo as minhas ações e ponto final.
Mas na realidade, sou muito mais que as minhas ações e meu
discurso – e até mesmo mais que os meus pensamentos.”
Preciso ser dono da minha própria sujeira. Preciso repassar todas
as ações que precisam de limpeza. Preciso também
enxergar-me como um diamante. Meus defeitos de caráter são
adquiridos; eles não são eu.
Em Yom Kipur nos colocamos perante D'us. Olhamos corretamente para nós
mesmos; arrependemo-nos e nos comprometemos a um futuro positivo. Nosso
Criador agora nos abraça como somente um pai pode abraçar
um filho.
Nossa verdadeira essência brilha. Os anjos dançam, e o mundo
se rejubila. E, finalmente, sinto-me bem sendo quem sou: eu mesmo.
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