O dia do Yahrtzeit

 
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1. O Yahrtzeit – data judaica do falecimento – julga-se a alma nos mundos superiores. Por este motivo, foram instituídos vários costumes para este dia, que visam a trazer méritos à alma, possibilitando que esta seja elevada a níveis superiores, e causar-lhe prazer.

2. Todos os costumes do Yahrtzeit devem ser seguidos anualmente na data do aniversário do falecimento. Há costumes de no primeiro ano fazer o Yahrtzeit na data do enterro, se este ocorreu após o dia do falecimento. Porém o costume Chabad e, também o mais comum, é de também no primeiro ano fazê-lo na data do falecimento.

3. Os costumes do Yahrtzeit devem ser seguidos pelos filhos do falecido, sendo que certos costumes, que podem ser feitos por mulheres, dizem respeito também às filhas. Na falta de filhos, devem ser feitos pelo parente mais próximo conforme as leis do cadish.

O Shabat anterior ao Yahrtzeit
4. No Shabat anterior ao Yahrtzeit, o filho deve receber uma Aliyá na Torá, de preferência o Maftir, recitando posteriormente a Haftará.

5. Muitos costumam que aquele que tem Yahrtzeit durante a semana reze como chazan no Shabat anterior a oração de Mussaf. Outros costumam rezar Arvit e outros Pessukê dezimrá. Porém muitos costumam não ser chazan neste Shabat, salvo se for o próprio dia do Yahrtzeit. Os sefaradim costumam rezar como chazan, todas as orações do dia de Shabat anterior ao Yahrtzeit e recitar todos os cadishim.

6. Se a pessoa não puder falar cadish e ser chazan no dia do Yahrtzeit por causa de um imprevisto, dever fazê-lo no Shabat anterior.

7. Muitos costumam neste Shabat tentar fazer o zimun perante dez pessoas, porém este não é o costume Chabad.

Costumes do dia do Yahrtzeit
8. O dia do Yahrtzeit, como todo dia judaico, inicia-se ao pôr-do-sol da véspera e termina após o total anoitecer do dia seguinte, ou seja após o horário da saída das estrelas.

9. Logo após o pôr-do-sol da véspera, deve se acender uma vela que dure as 24 horas do dia do Yahrtzeit. Esta prática é baseada em Mishlê 20:27: “A alma do homem é a lamparina de D’us.” A alma é comparada a uma vela, pois a alma dá vida ao corpo como a vela ilumina a escuridão.

10. Caso o Yahrtzeit caia no Shabat, a vela deve ser acesa antes das velas de shabat. Caso a pessoa tenha esquecido, se ainda não chegou o horário da saída das estrelas de sexta-feira, pode pedir a um não judeu para acender a vela.

11. O principal comportamento no dia do Yahrtzeit consiste em acrescentar o máximo possível no estudo de Torá e no cumprimento das mitsvot, em mérito da alma do falecido.

12. Devem-se rezar todas as orações do dia (Arvit, Shacharit, Minchá e também Mussaf, no dia que esta oração é feita) perante o público como chazan, e recitar todos os cadishim como durante os 11 meses.

13. Durante as orações, costuma-se acender velas perante o chazan, de preferência 5 velas, como durante os 11 meses.

14. Costuma-se estudar Mishnayot, principalmente os capítulos que começam com as letras das iniciais do falecido, e recitar em seguida o cadish de Rabanan como durante os 11 meses. A palavra para Mishná (lei oral) tem as mesmas letras que a palavra Neshamá (alma).

15. Após as orações costuma-se estudar as Mishnayot dos cap. 24 de Kelim e 7 de Micvaot e recitar em seguida o cadish de Rabanan como durante os 11 meses.

16. Neste dia deve-se doar para tsedacá, uma quantia maior que diariamente, principalmente antes das orações de Shacharit e Minchá.

17. Se o dia do Yahrtzeit coincidir com o dia de leitura da Torá, deve-se dar ao filho uma Aliyá na Torá. Este deve também recitar o Cadish após a leitura da Torá, e de preferência ser o baal corê (ledor da Torá).

18. O filho não deve estar viajando durante o Yahrtzeit, se isto o impossibilitar de seguir os costumes do Yahrtzeit de forma adequada.

19. Caso o filho tenha esquecido o dia do Yahrtzeit, deve recitar o Cadish no dia que lembrou, e receber sobre si que anualmente falará um Cadish em outro dia, além do dia do Yahrtzeit, para recuperar esta falha.

20. No dia do Yahrtzeit, o filho do falecido não deve participar da refeição de casamentos. No entanto muitos costumam permitir, sendo proibido somente no primeiro Yahrtzeit num ano de doze meses, pois este dia ainda faz parte do luto.

21. Costuma-se dar uma refeição na sinagoga no dia do Yahrtzeit após a oração, pelo menos um lechayim e bolo ou outro aperitivo. Nesta ocasião, os participantes recitam berachot sobre os alimentos em mérito do falecido, e desejam que a alma tenha uma elevação. Se o Yahrtzeit coincidir com Shabat ou Yom Tov, costuma-se oferecer um Kidush na sinagoga, em prol da elevação da alma.

22. Costuma-se fazer um Siyum Massechet (término de um tratado Talmúdico) no dia do Yahrtzeit, e uma seudat Mitsvá em prol da alma do falecido.

23. No dia do Yahrtzeit, o filho deve falar em público os chidushê (novas explanações da) Torá, ou algum divrê (palavras de) Torá de seu pai. Se o filho tem capacidade, deve também proferir seus próprios chidushê Torá.

24. No dia do Yahrtzeit, o filho deve tentar recitar o zimun, em especial perante dez pessoas.

25. Neste dia, o filho deve visitar o túmulo do pai, mesmo que para isto for necessário uma viagem que implique em gastos com dinheiro, se este tem a possibilidade. Caso não possa estar no túmulo no próprio dia do Yahrtzeit, deve fazê-lo na data mais próxima possível.

26. Ao visitar o cemitério, deve se esforçar para levar consigo um Minyan para poder recitar o Cadish.

27. No dia do Yahrtzeit os filhos devem meditar sobre suas ações e fazer teshuvá, recebendo sobre si boas decisões para melhorar sua conduta, tanto nas mitsvot do homem para com D'us, quanto relativas ao seu próximo.

28. Conforme a lei do Shulchan Aruch, é mitsvá jejuar no dia do Yahrtzeit dos pais. No entanto, nas últimas gerações, por motivo de fraqueza, facilitaram este jejum, principalmente para estudiosos da Torá, se o jejum irá impedi-los de estudar adequadamente. Mesmo assim, deve-se resgatar este jejum com Tsedacá, doando a quantia de pelo menos duas refeições para os pobres.

29. Se alguém jejuou no primeiro Yahrtzeit após o falecimento dos pais, deve assim fazer durante toda a vida, salvo se ao fazê-lo falou “bli neder”, ou seja, que não assume isto como uma promessa. Mesmo quem não falou “bli neder” pode fazer “hatarat nedarim”, anulando a promessa perante um tribunal rabínico conhecedor das leis de como anular uma promessa.

30. Se o Yahrtzeit cair num Shabat, Yom Tov, Chol hamoed, Rosh Chodesh, Purim, Chanucá, no mês de Nissan e em outras datas especiais que não se recita o Tachanun, não se faz o jejum neste dia. Como também não se costuma visitar o cemitério em nenhum destes dias devendo fazer antes dos mesmos, ou logo após estas datas.

A data do Yahrtzeit
31. Quando o enterro ocorreu no dia seguinte ao falecimento, o Yahrtzeit é fixado no dia do falecimento. No entanto, se o enterro ocorreu após três ou mais dias após o falecimento, muitos costumam fazer o Yahrtzeit no primeiro ano no dia do enterro, e nos demais anos no dia do falecimento. Porém o costume Chabad e alguns outros, mesmo neste caso, fazem o Yahrtzeit no dia do falecimento até mesmo no primeiro ano.

32. Caso o falecimento ocorreu num ano de treze meses, sendo que o Yahrtzeit ocorre no final do décimo terceiro mês, conforme todas as opiniões, deve-se fazer na data do falecimento.

33. Se o falecimento ocorreu após o pôr-do-sol e antes da saída das estrelas, há dúvida se ainda é considerado dia ou noite. Neste caso, existem costumes de fixar a primeira data, outros fixam a segunda. Cada um deve perguntar a seu rabino como agir. De preferência, deve-se tentar fazer todos os costumes do Yahrtzeit em ambos os dias.

34. Se o falecimento ocorrer no mês de Adar I, o Yahrtzeit é fixado num ano normal no mês de Adar, e num ano de treze meses no Adar I. O mesmo ocorre se ocorreu no Adar II, o Yahrtzeit é mantido no Adar II. Caso o ano do falecimento foi um ano normal, e o Yahrtzeit ocorreu em Adar, existem opiniões que se fixa a data em Adar II, sendo este o costume dos sefaradim. Outros porém sustentam que o Yahrtzeit deve ser feito em Adar I. O costume dos ashkenazim é fazer os dois dias de Yahrtzeit, em Adar I e em Adar II, sendo que o principal dia é fixado em Adar I.

35. Se o falecimento ocorrer no dia 30 de Adar I, num ano normal o Yahrtzeit é fixado em 30 de Shevat.

36. Se ocorrer no dia 30 de Cheshvan ou 30 de Kislev, num ano que o mês de Cheshvan ou Kislev só tem 29 dias, deve-se consultar um rabino como agir, já que existem várias opiniões. O costume mais comum é comemorá-lo no primeiro dia do mês seguinte.

37. Se o filho não sabe o dia do falecimento dos pais, deve fixar um dia no ano para celebrar o Yahrtzeit. Muitos costumam fixar a data de 10 de Tevet como o dia de um Yahrtzeit de data desconhecida.

 

 

 
   
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