Levayá-o cortejo

índice
   
 

Costumes na hora de retirar o corpo da casa

1. Existe uma mitsvá de ordem rabínica de acompanhar e participar ativamente do enterro e carregar o morto na hora que se está sendo levado para ser enterrado. Normalmente todas as preparações para o enterro, como cavar a cova, preparar as mortalhas, lavar o corpo, etc., é trabalho da Chevra Kadisha, sendo que as demais pessoas estão isentas deste trabalho. Porém em locais onde não existe uma Chevra Kadisha, é uma obrigação de todos os judeus locais de fazer todas as preparações e todo o enterro, mesmo se for necessário deixar de trabalhar ou anular um estudo de Torá para isto.

2. Ao retirar o falecido da casa onde se encontra, ele deve ser carregado pelos membros da Chevra Kadisha. Neste momento, ninguém pode sair do local antes do morto, pois isto pode causar-lhes um prejuízo. Neste momento os presentes devem dar Tsedacá por vários motivos:

a.A Tsedacá salva da morte;

b. A morte de justos traz o perdão tal como a Tsedacá;

c. A Tsedacá indica união do povo, tal como todos estão agora reunidos para prestar uma homenagem;

d. Pelo mérito da Tsedacá ocorrerá a ressurreição dos mortos. A Chevra Kadisha carrega o corpo um pouco adiante da casa, sendo que então, já pode ser passado de mão em mão. Antes de retirar o corpo da casa, o costume é recitar alguns Salmos e os enlutados recitam o cadish.

3. Se existem dois mortos, estes não devem ser tirados e acompanhados juntos (salvo em caso de emergência, como por ex. na véspera do shabat), sendo que primeiro se retira o que faleceu primeiro, e após seu enterro, retira-se o próximo. Se o processo de putrefação de um deles já iniciou, deve-se dar preferência ao mesmo. Existem outros casos de preferências, devendo sempre consultar um rabino competente.

A Keriyá (rasgar as roupas) e pedido de perdão

4. Antes do cortejo final que levará o caixão ao local do enterro, os enlutados devem rasgar suas vestes. É costume também que neste momento, os membros da Chevra Kadisha peçam perdão ao falecido por qualquer falta de respeito ou falha cometida na preparação do enterro e na Tahará. Como também, os filhos (e demais presentes) devem pedir perdão por qualquer falta cometida durante sua vida ou após sua morte.

O cortejo

5. Deve-se tomar o cuidado para que pelo menos 10 pessoas acompanhem o enterro, mesmo da pessoa mais simples. Se o falecido é estudioso da Torá, um número imenso de pessoas ainda não é demais, sendo que todos devem vir participar de seu féretro. Se está se tratando de alguém que além de estudar também ensinava Torá, não há limite para o número de acompanhantes.

6. Se a pessoa encontra em seu caminho um enterro judaico, deve acompanhá-lo por pelo menos 4 amot (aprox. 2 metros), sendo que se não o fizer é considerado desprezo ao falecido, e uma falha grave, salvo se já o estão acompanhando. Mesmo neste caso, deve-se pelo menos ficar parado até o féretro passar.

7. Mesmo se o morto está sendo levado para um outro local, não para o cemitério, como por ex. se vai ser levado para outro país, deve-se acompanhá-lo pelo menos 4 amot nesta sua última jornada.

8. Muitos tem o costume de que os filhos do falecido não acompanhem o caixão, devendo seguir em frente do mesmo, ou ir direto ao local da sepultura esperar a chegada do mesmo.

9. Existem locais em que as mulheres não participam de enterros, porém mesmo em locais que elas participam, devem tomar o máximo cuidado de não andar entre os homens, como também os homens entre as mulheres, pois isto pode prejudicá-los.

10. A mitsvá é o féretro ser carregado por homens judeus o caminho inteiro não deixando de forma alguma ser carregado por não judeus. De preferência este deve ser carregado por sobre os ombros. Deve-se trocar o caixão de mão em mão para que todos tenham a possibilidade de cumprir esta mitsvá. Em muitas comunidades atuais é costume que os enlutados não carreguem o caixão e não se ocupem com o enterro, principalmente os filhos. Costumamos também não deixar os filhos sequer acompanhar o caixão, andando na frente do mesmo.

11. Se há condições, o corpo deve ser carregado a pé em todo o percurso, desde o local do falecimento até o túmulo. Caso a sepultura esteja localizada em um local mais distante e sendo isto impossível, o corpo pode ser levado de carro. Neste caso, deve-se tomar o cuidado que este seja dirigido por um judeu, ou pelo menos que um judeu esteja dentro do carro acompanhando.

12. Na hora que se vai acompanhar, não se deve cumprimentar ninguém. Isto não pode ser feito também dentro do cemitério, ou próximo do falecido. Como também não se deve conversar no local, somente se os assuntos forem relacionados ao enterro. É apropriado que todos os acompanhantes recitem Tehilim (Salmos) e demais preces, despertando a misericórdia Divina pelo falecido. O costume judaico é recitar neste momento várias vezes o Salmo 91. É uma mitsvá dar tsedacá em prol do falecido.

13. Aqueles que acompanham o corpo não podem ter o tsitsit para fora, este deve estar coberto ou ser colocado para dentro das vestes. [há o costume de colocá-los sempre para dentro antes de visitar o cemitério e só retira-los após a completa saída do cemitério; o motivo é que a alma dos mortos se entristece por não poder mais cumprir esta mitsvá].

Maamadot – as paradas

1. Durante o cortejo, deve-se parar algumas vezes e colocar o caixão no chão. Se o cortejo passa em frente às sinagogas, estas paradas são feitas em frente às mesmas. Pronunciam-se alguns Salmos neste momento, e os enlutados recitam o cadish. Estas paradas visam afastar os maus espíritos que acompanham o corpo que querem impedi-lo de seguir para o descanso final. Por este motivo, em dias festivos, quando o tsiduc hadin não é recitado, não são feitas estas paradas, pois estes espíritos não tem domínio nestes dias.

2. Atualmente, costuma-se fazer sete paradas durante o cortejo no cemitério, próximo à chegada ao túmulo, nas últimas 30 amot (aprox. 15 m), uma parada a cada 4 amot (aprox. 2m). Antes de cada uma destas paradas costuma-se recitar o Salmo 91, também sete vezes, até antes do versículo “Ki malachav...”.

Em cada uma das paradas, acrescenta-se uma palavra deste versículo, encerrando-o na sétima vez. Após a sétima parada, faz-se uma espera um pouco mais longa, para trazer capará ao falecido, e então se recita 3 vezes o versículo (Tehilim LXXVII): “Vehu Rachum yechaper avon velo Yashchit vehirbá lehashiv apó veló yair col chamató” –Este versículo tem 13 palavras, que são equivalentes aos treze Atributos Divinos de misericórdia. Por isto é recitado três vezes, totalizando 39 palavras, pois três vezes os Treze Atributos despertam o Perdão Divino ao falecido. (“E Ele é Misericordioso, vai perdoar o pecado, e revoga Sua ira demasiadamente, e não despertará todo Seu ódio”).

Em seguida, leva-se o caixão direto ao túmulo.

3.Nos dias em que o tsiduc hadin não é recitado não se faz esta paradas.

4.Existem costumes que só se faz estas paradas para falecidos homens, e não para mulheres. Outros costumam fazer para ambos. Deve-se seguir o costume local.

 

 

 
   
top