O Caixão

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  Por Maurice Lamm
 

"Pois tu és pó, e ao pó retornarás" (Bereshit 3:19), é o princípio guia sobre a escolha de caixões. A prática em Israel e em muitas partes da Europa tem sido enterrar numa cama de juncos entrelaçados, sem qualquer caixão, cumprindo, literalmente, a prescrição bíblica de devolver o corpo ao seio da terra. O caixão era usado antigamente para propósitos de honra, como no enterro de um sacerdote, ou para evitar uma visão chocante, como no caso de alguém que morreu gravemente queimado ou desfigurado, ou ainda para evitar risco sanitário, como no caso de alguém que morreu de uma doença contagiosa.

Nesse país, no entanto, os mortos são sempre enterrados em caixões. A compra do caixão não deve ser determinada pelo custo, e não se deve preocupar em excesso com a opinião dos visitantes.

Seguem-se alguns critérios básicos:

1 – O caixão deve ser feito completamente de madeira. A Torá nos diz que Adam e Eva se esconderam entre as árvores no Jardim do Éden quando ouviram o Divino julgamento por cometerem o primeiro pecado. Disse Rabi Levi: "Aquele foi um sinal para seus descendentes que, quando eles morrerem e se prepararem para receber sua recompensa, devem ser colocados em caixões feitos de madeira."

Outro motivo para o uso de um caixão de madeira é para que o corpo e a mortalha não se decomponham muito tempo antes que o caixão. O corpo, o tecido e a madeira têm prazos de deterioração semelhantes. Um caixão de metal retardaria o processo "Ao pó retornarás."

2 – Caixões com alças de metal, teoricamente, podem ser usados. Isso satisfaz os dois motivos previamente mencionados para o uso de caixões de madeira. Existe um costume antigo, porém, que é aceito pela maioria dos judeus, exigindo que apenas alças de madeira sejam usadas. Nas capelas funerárias estes caixões com pegadores de madeira são chamados "Ortodoxos".

3 – Interior do caixão. Com freqüência, os caixões ortodoxos são adquiridos com o interior forrado, com colchão e travesseiro, preparatório para exibir o falecido – um procedimento totalmente questionável na verdadeira crença e prática ortodoxa. Interiores forrados não são considerados adequados. Assim como o embalsamamento, o uso de ternos e a exibição, eles violam os princípios básicos do funeral judaico. O interior não acrescenta "conforto", muito menos dignidade e respeito. É apenas um acessório artificial, projetado para "exibição", e exibir o corpo certamente não é aceito religiosamente.

4 – Tipo de madeira. Na verdade não faz diferença que estilo ou qualidade de madeira foi selecionada para o caixão. Seja mogno ou pinho, polido ou simples, não é importante. Muitos insistem em fazer buracos no fundo do caixão para cumprir a exigência "ao pó retornarás". Isso é apropriado e deve ser encorajado.

5 – Terra da Terra Santa é freqüentemente enterrada junto com o falecido, Este é um costume comovente e significativo. Aqueles que desejam cumpri-lo, não devem ser desencorajados. O agente funerário pode facilmente arranjar este item.

6 – O caixão não precisa ser nem muito caro nem barato. Os Sábios não consideram a despesa como um barômetro da homenagem aos mortos. Para alguns seria preferível contribuir com dinheiro para caridade em nome do falecido, em vez de comprarem caixões luxuosos. O custo é uma questão pessoal, e deveria estar de acordo com o orçamento dos sobreviventes. A exigência essencial é que prevaleça a dignidade.

7 – Caixões luxuosos não são de bom gosto. O Presidente Franklin Delano Rossevelt deixou instruções específicas para que "o caixão seja de absoluta simplicidade, de madeira escura, que o corpo não seja embalsamado ou hermeticamente selado, e que o túmulo não seja revestido com tijolos, cimento ou pedras." Da mesma forma, quando os restos mortais do Presidente John F. Kennedy foram transportados num caixão de bronze, antes que arranjos explícitos pudessem ser feitos, a viúva decidiu que o espírito e a vida do Presidente exigiam um caixão simples, e ele foi removido do caixão de bronze e enterrado num caixão de madeira.

 

 

 
   
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