A mitsvá vem primeiro

   
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Este incidente ocorreu nos primeiros anos de liderança do Rebe, relata Rabino Shalom Ber Gordon. "Fiz amizade com uma família em Newark, New Jersey, onde eu servia como sheliach [emissário]. Os pais estavam ansiosos para verem sua filha mais velha casada e estabelecida, mas ela continuava solteira.

"Depois que fiquei mais íntimo da família, falei a eles sobre o poder das bênçãos do Rebe. A mãe me disse: 'Vim da Ucrânia, e estou familiarizada com os Rebeim e no passado pedi conselho a eles. Na verdade, gostaria de visitar este Rebe e receber uma bênção para minha filha.'

"Arranjei uma yechidut [audiência particular com o Rebe]e viajei com a mãe e um filho mais velho ao Brooklyn. Esperei por eles enquanto entravam no escritório do Rebe. Depois da yechidut, a mulher parecia muito preocupada. O que aconteceu? perguntei.

‘O Rebe inquiriu sobre a nossa fonte de renda’, explicou ela. ‘Eu disse a ele que embora estivéssemos financeiramente seguros e pudéssemos facilmente nos aposentar, ainda mantínhamos nosso negócio pelo bem de nossa filha solteira. Preocupamo-nos com seu bem-estar e queremos garantir o seu futuro. O Rebe perguntou sobre o Shabat e respondi que o comércio ficava aberto no Shabat. ‘Por quê?’ inquiriu o Rebe. ‘Você descreveu sua família como financeiramente segura. Por que então trabalham no Shabat?’ Expliquei ao Rebe que não era por nossa causa que abríamos a loja no Shabat, mas pelo futuro de nossa filha. Pedi então ao Rebe que desse uma bênção para um bom casamento. Prometi que assim que ela se casasse e se estabelecesse, fecharíamos a loja no Shabat.

‘D'us deseja o contrário’, disse o Rebe. ‘Primeiro fechem a loja no Shabat, e lhe asseguro que então sua filha encontrará um casamento adequado.’

“A mãe concluiu indignada: ‘Na Ucrânia, eu costumava consultar os Rebeim. Eles sempre ofereciam suas bênçãos, e nunca perguntaram sobre nossa conduta de Torá…’

"Mãe e filho regressaram a Newark e continuaram sua rotina diária, Passaram-se dez anos desde aquela yechidut. O pai faleceu, a loja continuou sendo aberta no Shabat e a filha permaneceu solteira.

"Em meados dos anos sessenta, demonstrações e rebeliões esporádicas irromperam em cidades de todo o país. Em pouco tempo, as ruas de Newark também sofreram tumultos e multidões violentas incendiaram e saquearam muitas lojas. O negócio da família estava entre aqueles que ficaram arruinados. Com idade avançada, após essa experiência a mãe não pensou em reabrir o negócio. Assim, a loja ficou fechada durante toda a semana, incluindo o Shabat.

"Alguns meses depois, a filha foi apresentada a um homem instruído, observante e muito bom que vinha de uma ótima família. Mais tarde, fui convidado a celebrar o casamento. Embora a noiva já passasse dos quarenta anos na ocasião, o casal teve um filho, que cresceu e se tornou um erudito de Torá em Erets Yisrael."

       
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