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Neste
verão, Yossef e eu passamos três semanas no estado de Wyoming.
Estivemos em "Merkot Shlicht", um programa de verão estabelecido
pelo Lubavitcher Rebe, para visitar locais e oferecer apoio onde há
pouca infra-estrutura judaica.
Em algumas cidades, ficamos em hotéis, e em outras dormimos em
casas de família. Certa noite, na verdade dormimos em uma tenda
indígena.
Nosso objetivo: deixar claro aos judeus do Wyoming que existe alguém
preocupado com eles. Fomos lá para encorajá-los a intensificar
o cumprimento de mitsvot . Testemunhamos a ação da Divina
Providência praticamente todos os dias. Durante as três semanas
de nossa estadia, tivemos contato com cerca de cem judeus. Vendemos um
par de tefilin, instalamos algumas mezuzot, criamos um "Clube de
Tefilin" todos os domingos em Cheyenne e uma classe de Torá
em Laramie e em Cheyenne uma vez ao mês, com um rabino de Denver.
Colocamos
tefilin em mais de trinta homens, muitos dos quais pela primeira vez.
A maioria dos homens tomou a decisão de colocar tefilin todos os
domingos, e número ainda maior de mulheres decidiu acender velas
de Shabat às sextas-feiras.
Você provavelmente está se perguntando como encontramos judeus.
Nas cidades grandes, já tínhamos listas de judeus elaboradas
pelos alunos anteriores. Mesmo assim, encontramos muitos outros. Ao chegar
em uma cidade, nosso procedimento era ir até uma loja e perguntar:
"Sabe se há algum judeu nesta cidade?"
As pessoas foram muito simpáticas e prestativas. Caso conhecessem
algum judeu, faziam de tudo para nos ajudar. Por exemplo, certo dia chegamos
a uma cidadezinha chamada Riverton, com 5.000 habitantes. Fomos de loja
em loja, mas ninguém sabia se existiam judeus na localidade.
Estávamos a ponto de desistir, mas decidimos pesquisar em mais
uma loja. Perguntamos às duas senhoras que ali trabalhavam se conheciam
algum judeu. Elas não conheciam, mas disseram que talvez o padre
soubesse. Telefonaram ao padre da cidade e após explicar nosso
pedido, ele disse que estava a caminho. Foi muito gentil e nos deu os
nomes de algumas famílias judias, a quem fomos visitar e com quem
colocamos tefilin. Tudo por causa de um padre católico.
Certa sexta-feira, eu tinha uma rota planejada para visitar uma cidade
chamada Rock Springs, que ficava no caminho para Salt Lake City –
nosso destino para o Shabat. Peguei a estrada errada e acabamos chegando
a uma cidadezinha de 2.000 habitantes, Pinedale. Pensei comigo mesmo:
"Certamente foi a Divina Providência que nos enviou aqui".
Alguém informou que havia uma chef judia que possuía um
restaurante. Fui até lá e perguntei pelo Chef Wendy. Disseram-me
que ela estava fazendo um discurso na frente do museu. Decidimos ouvir
o discurso como "penetras". Ao sair do carro, avistamos uma
mulher usando uniforme de chefe de cozinha. Perguntamos se era Wendy.
Ela ficou tão chocada ao nos ver. Dois rabinos em Pinedale! Conversamos
um pouco sobre ser judeu no Wyoming. Ela tem muito orgulho de ser judia.
Informou que havia mais três judeus em Pinedale. Apenas uma estava
lá, e a visitamos em seguida.
Em Cheyenne, visitamos um senhor num lar para idosos. Colocamos tefilin
e conversamos algum tempo. Ele ficou muito emocionado. Disse-nos que nós
éramos a resposta a uma prece. Ele pedira a D’us que o ajudasse
a aproximar-se do Judaísmo. Ele queria até ir a uma yeshivá!
Uma das histórias mais interessantes ocorreu em Tisha B'Av, dia
de luto e jejum pela destruição dos dois Templos Sagrados.
Depois de termos nos encontrado com judeus em Buffalo e Sheridan, paramos
em uma cidadezinha com 650 habitantes, chamada Story. Existe apenas um
estabelecimento comercial em toda a cidade, obviamente um bar. (No Wyoming,
se não há bar não é uma cidade). Perguntei
à garçonete se conhecia algum judeu em Story. Ela disse
que não, mas que tentaria se informar. Enquanto esperávamos
que voltasse, um cliente entabolou uma conversa. Ele estava bebendo whisky
e reclamando sobre seu dia difícil. Perguntou-nos o que fazíamos
ali. Explicamos que éramos rabinos e estávamos procurando
judeus. Ele disse: "Ei, eu sou judeu." E assim sentamos e tivemos
uma longa conversa. Foi assim que passamos nosso Tisha B'Av.
Foi muito interessante ver que o antigo estilo de vida "western"
está vivo. Acho que é por isso que o chamam de "O Estado
Cowboy". Na verdade, não chamamos muito a atenção.
Com os chapéus, muitos nos confundiram com cowboys! Eu dizia a
todos que éramos "Rabinos de Rodeio, rabinos Cowboys".
Encontramos um homem que tem o mesmo sobrenome que eu. Ele realmente gostou
de nós. Prometeu que faria o possível para comparecer ao
meu casamento, fosse onde fosse. Um outro homem fez uma música
sobre a gente e cantou-a ao violão. A mulher que nos hospedou pela
maior parte do tempo em que lá estivemos chorou quando partimos.
Recebi muitos e-mails; alguns com perguntas e outros só para dizer
"alô". Um homem escreveu dizendo que está se mexendo
para transformar sua casa casher.
Agradecemos muito a D’us por nos dar a oportunidade de ver os frutos
de nosso trabalho. Provavelmente a parte mais inspiradora de nossa visita
foi que todos que conhecemos estão muito orgulhosos por ser judeus.
Especialmente as crianças. Isso prova como é poderosa a
alma judaica.
É minha esperança que, juntamente com os judeus de Wyoming,
todos nós aventureiros, shluchim ou cowboys, aceleremos o processo
de aproximar cada vez mais judeus afastados e nos unirmos todos como uma
só família, um só coração. Então
mereceremos nos rever em Yerushalayim, com a chegada de Mashiach, que
esperamos que galope a toda velocidade, e que chegue já, em nossos
dias.
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