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Enquanto
crescia na pequena comunidade judaica da Eslovênia, Marian Furlan
tinha pouca consciência de sua identidade judaica.
Seu pai tinha sido um partisan em 1941, e mais tarde se tornara um piloto
da Força Aérea Iugoslava. O avô de Marian era um anti-fascista
e um antigo comunista.
Marian estudou Ciência Política na mais renomada escola política.
As convicções políticas do próprio Marian
iam contra a corrente política predominante. Ele se recusou a entrar
para o Partido Comunista e deixou o país, emigrando para Israel.
Ali, Marian conheceu e casou-se com Smadar.
Mudaram-se para Toronto nos anos 80, e ficaram amigos de Rabi Yisroel
Landa, o rabino Chabad da maior comunidade em Toronto que falava hebraico.
O país de origem de Marian, a Eslovênia, é pequeno,
com uma população menor que a da Grande Toronto. Geograficamente,
equivale ao tamanho do país de Gales. A comunidade judaica é
minúscula. Em 1991, com as mudanças na Europa Oriental,
a Eslovênia declarou formalmente sua independência.
A guerra contra a Iugoslávia irrompeu no mesmo dia. Os eslovenos,
pequenos em número e pobremente armados, enfrentaram um dos exércitos
mais equipados da Europa Oriental.
Os tanques do exército iugoslavo avançaram contra as barricadas
improvisadas manejadas por defensores mal armados. Enquanto isso, mais
armas chegavam à Eslovênia, vindas da vizinha Croácia.
A luta dos eslovenos foi saudada com grande indiferença por parte
do restante do mundo.
A partir do início da guerra, Marian Furlan começou a receber
telefonemas de outros eslovenos que moravam no Canadá.
Um embaixador do Congresso Mundial Esloveno foi até o local de
trabalho de Marian, acreditando que, como a esposa de Marian tinha servido
no Exército Israelense, Marian poderia ter acesso a armas.
Marian assegurou ao congressista que não poderia ajudá-lo
naquele departamento. À medida que a conversa progredia, Marian
mencionou que estava para fazer sua primeira viagem a Crown Heights, para
visitar o Rebe.
O embaixador pediu a Marian que levasse uma carta ao Rebe, em nome do
povo esloveno. Marian concordou de bom grado. No dia seguinte, Marian
recebeu também uma carta para o Rebe escrita pelo Padre Ivan Plazar,
um sacerdote católico dos eslovenos no Canadá.
Na carta, ele escrevia: "… Os eslovenos são trabalhadores,
e vivem em paz com todos (judeus e outros). Agora estas pessoas estão
numa situação difícil. Foram atacadas pelo exército
comunista e estão em guerra… Vocês bem sabem como na
jornada de Israel rumo à Terra prometida…
Amalek deu início a uma guerra contra Israel. Enquanto Joshua lutava,
desde que Moshê mantivesse suas mãos erguidas, Israel levava
a melhor na luta, mas quando ele deixava as mãos descansarem, Amalek
levava vantagem na guerra. As mãos de Moshê se cansaram;
portanto Aharon e Hur apoiaram suas mãos… E Joshua dizimou
Amalek e seu povo. D’us os ajudou. "D’us é também
nosso único auxílio. Estamos rezando a Ele e nossas mãos
estão ficando cansadas.
Marian Furlan, que vive em Toronto e pertence a Lubavitch, está
levando às suas mãos nosso pedido, para que apóie
nossas mãos cansadas com suas preces e bênçãos.
D’us, Criador do mundo, é nossa única ajuda e Ele
pode também levar nossa nação à vitória,
e liberá-la da escravidão dos comunistas ateus, e conseguir
a liberdade e a paz sem mais derramamento de sangue. Ficaremos muito gratos
por suas preces, ajuda e conselhos."
"Quando Rabi Landa e Marian chegaram a Nova York naquela sexta-feira,
receberam notícias devastadoras.O exército iugoslavo estava
preparando uma guerra química, e o alto comando iugoslavo tinha
emitido ordens de um grande ataque para esmagar toda a resistência.
O exército também recebera reforços de foguetes fornecidos
pela União Soviética. O quadro era sombrio, e somente ficava
mais escuro. Um ataque aéreo, lançado contra Ljublijana,
foi cancelado apenas vinte minutos antes de atingir o alvo. O ataque maciço
teria início na semana seguinte.
A crise estava chegando ao auge quando Marian encontrou o Rebe. Este escutou
enquanto Marian descrevia a situação. O Rebe aceitou as
cartas de pedidos e abençoou os eslovenos e sua causa, e deu sua
bênção a Marian.
A bênção do Rebe ocorreu às 10 horas da manhã,
horário local, e às 4 da tarde na Eslovênia, em 7
de junho de 1991.
Voltando a Toronto, Marian soube que o exército iugoslavo tinha
pedido um cessar-fogo no domingo, 7 de junho, pouco antes das 4 da tarde.
Milagrosamente, a guerra terminara.
Não se perdeu uma única vida eslovena sequer depois das
4 da tarde, a hora da bênção do Rebe!
Para avaliar o que poderia ter ocorrido, basta revisar os recentes eventos
na vizinha Bósnia.
Num catálogo de insígnias e condecorações
do exército esloveno que delineia brevemente a história
da Eslovênia, é reconhecido o mérito da bênção
do Rebe, na última página.
Diz assim: "… Um judeu esloveno entregou pessoalmente em Nova
York algumas cartas de indivíduos e da comunidade eslovena, pedindo
apoio moral e prático para a Eslovênia em guerra. Estes documentos
foram recebidos pelo líder mundial do Judaísmo, Rabi Menachem
Mendel Schneerson, e no mesmo dia em que ele abençoou a nação
eslovena, as hostilidades terminaram.
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