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Precedendo
a Conferência Internacional sobre mudança no clima em Copenhagen,
pedi a todas as sinagogas sob minha direção que façam
amanhã um Shabat ambiental especial em cujas preces nos comprometeremos
a ter hábitos sustentáveis de consumo e uso de energia.
Sabemos que há uma profunda discordância sobre mudanças
no clima: é real, e se deve ao que nós estamos fazendo ao
planeta? Porém me parece que há alguns riscos que você
não assume, mesmo sob condições de incerteza, e um
deles é o risco de colocar em perigo a própria viabilidade
da vida na terra. Queremos jogar roleta russa com o futuro de nossos filhos?
Sei que não queremos.
A preocupação geral sobre o meio ambiente é relativamente
recente. Os primeiros dois livros sobre o tema foram o Almanac County
de Aldo Leopold Sand, em 1949, e Silent Spring em 1962, de Rachel Carson.
Porém tudo remonta religiosamente à Torá que contém
a primeira legislação ecológica do mundo.
A cada sétimo e quinquagésimo ano a terra deve descansar.
Não faça destruição desnecessária em
tempos de guerra. Até mesmo aquelas ordens estranhas em Vayicrá
e Devarim contra misturar plantações e fazer cruzamentos
de animais diferentes foram entendidas pelos comentaristas judeus de séculos
atrás como sendo maneiras de inculcar respeito pela integridade
da natureza.
Porém a forma mais poderosa de conscientização sobre
o meio ambiente é o próprio Shabat, no qual nós judeus
renunciamos ao nosso poder sobre a natureza. O que isso significa atualmente
é que um dia em cada sete não trabalhamos ou compramos,
não usamos carros nem viajamos de avião. Não fazemos
negócios. Caminhamos até a sinagoga, não dirigimos.
As pessoas costumavam ridicularizar estas leis mas agora podemos entendê-las
melhor. O Shabat nos diz que não somos donos da natureza. “A
terra é do Eterno e a plenitude que vem dela” e somos meramente
seus guardiões, em nome de D'us e das futuras gerações.
E trata dos limites, dos limites à nossa exploração
dos recursos da terra. O princípio de que nem tudo que podemos
fazer, devemos fazer.
Lembro-me de quando a Grã-Bretanha costumava ter um Shabat. Aos
domingos as ruas ficavam quietas e as lojas estavam fechadas. Porém
a ética consumista venceu. O problema é que se a ética
consumista continuar vencendo, nossos netos serão os perdedores.
Se há um ponto com o qual cientistas e religiosos atualmente concordam,
é a necessidade de vivermos dentro dos limites da ecologia da terra.
Um dia por semana sem carros ou compras poderia simplesmente ser uma maneira
de começar a fazê-lo.
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